Implantação do Enem Digital: vantagens e desafios

O relatório mais recente da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), divulgado em 2015, mostra que 73,5% dos estudantes brasileiros tinham pelo menos um computador em casa em 2012. Apesar do número ser 20% superior ao de 2009, comparado a outros países, o Brasil não apresenta bons resultados. A taxa era de 94,5% nos Estados Unidos. Em relação à estrutura das escolas, o país também não possui boa qualificação. Sua taxa era de 22,1 alunos por computador em sala de aula, enquanto a média entre os países da OCDE era de 4,7 alunos por computador (nos EUA, havia um computador para 4,2 estudantes).

Entenda o porquê da modificação da prova

O Enem deverá mudar nos próximos anos em razão de duas decisões tomadas no governo do ex-Presidente Michel Temer (12/05/2016 a 31/12/2018). Em 2017, o ensino médio passou por uma reforma e, no ano seguinte, foi aprovada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que definiu as habilidades e as competências exigidas dos alunos.

A reforma estabeleceu cinco itinerários nos quais o aluno poderá se aprofundar: Matemática, Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Técnico. As escolas não são obrigadas a fornecer todos e terão de se adaptar às mudanças até 2020.

O Enem precisará avaliar essas áreas e, no momento da sua inscrição no exame nacional, o estudante poderá escolher a prova pelo itinerário cursado. Por isso, as provas deverão ter várias versões. “Quando as escolas estiverem implementando os itinerários, a gente estará apto a fazer também. Imagine o quanto aumentaria o custo e a complexidade para fazer essa diversidade de provas (em meio físico), disse ao jornal O Globo o presidente do Inep, Alexandre Lopes.

Já o ex-presidente do Inep e membro do Conselho Nacional de Educação, Chico Soares, afirmou ao jornal carioca que primeiro é preciso decidir as mudanças de conteúdo do Enem, e só depois pensar em sua forma de aplicação. O acesso à informática também preocupa o ex-secretário executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa, que defendeu a ideia de tornar a prova online em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo: “(Digitalizar a prova) É um desafio porque se há um rendimento diferente (entre os grupos que fazem no computador e no papel) não pode comparar”, afirmou.

Os argumentos pró-digitalização

– Redução de custos na logística da prova.

– Possibilidade de várias aplicações ao longo do ano.

– Possibilidade de agendamento da prova por parte do candidato.

– Realização da prova em mais municípios.

– Escolha do estudante pelo itinerário cursado através da reforma da BNCC.

– Uso de questões com vídeos, infográficos e games.

– Correção instantânea após a conclusão da prova online.

Os desafios do modelo online

– Garantir locais com computadores (especialmente nas regiões mais isoladas).

– Possuir quantidade de questões em número suficiente para a realização de várias provas por ano com o mesmo grau de dificuldade.

– Não prejudicar o aluno da rede pública sem acesso à informatização e que pode ter dificuldade em fazer a prova online.

– Não prejudicar o aluno que estuda com materiais impressos e que não usa computador diariamente para fazer trabalhos de casa, que talvez não se adapte à aplicação virtual.

– Evitar fraudes no sistema eletrônico.

– Evitar fraudes na fiscalização durante a prova.

– Desenvolver testes padronizados e especializados às versões eletrônicas, levando em conta a velocidade de rolagem, o tempo de carregamento das páginas etc.

Em quais computadores as provas serão feitas?

Na coletiva, o MEC afirmou que não irá adquirir novos computadores para o Enem digital e que a ideia é utilizar a estrutura já instalada em escolas e universidades onde o exame costuma ser aplicado. A logística para aplicação e realização do exame continuará sendo feita por meio de consórcio com empresas terceirizadas, responsáveis pela organização das salas, preparação dos computadores e fiscalização durante a prova.

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